07/08/2010

O destinatário não precisa ser chamado pelo nome,


Decidi retirar as pedras que tampavam a ferida, como é vermelho o inacabado. prossigo, viajei olhando o céu as árvores... e o vento soprava uma nostalgia descarada, nuvens antigas. Você, que sonha e acorda triste, prospera intensidade mas se contenta com mixarias, palavras ocas, corpos vazios, almas perdidas. digo que as pedras que carrego no peito são as mesmas que pesam na tua consciência: Sim, somos fortes e covardes, desviamos o curso de um rio que (ainda) não secou; A fonte dos dissimulados. Deito a cabeça no travesseiro como se no seu colo pudesse dormir em paz. Mas não há paz. Atravesso ruas e assuntos, imagino diálogos, ah quero te contar uma coisa, quero morrer sem culpa, entenda bem, não que eu queira morrer, a vida ainda reserva surpresas nos livros,lugares e pessoas que terão de participar dessa divina comédia. Quero viajar, quero emprego e décimo terceiro, filhos, quero morar numa casa com jardim, nesse jardim há um ipê branco que protege a mesa do nosso café da manhã. Talvez eu esteja sozinha com o café, as vezes imagino duas crianças dividindo o último pedaço do bolo. Cenário bucólico e delicado tenho o direito de abusar das fantasias. Como será o café das crianças daqui a 15 anos? Não quero pensar que eles vão tomar café na mesa, debaixo do ipê, jogando “videogame portátil”. Exorcizei terços do meu conto de fadas. Odeio tentar deduzir o futuro, tenho medo (e esperança) de que seja muito diferente ou previsível. Quero me surpreender, eu espero isso da vida. Espero um encontro de contra-tempos, espero dentro de um quarto claro, te quero por um dia como se te perdesse e nada mais. Quero fundir as partes de um mesmo átomo. O céu os lençóis macios, estou com sede e você com preguiça de me servir. Vai lá, abre a geladeira, abre o coração e derrete esse resto que nos resta. Você quer? Se fosse antes,seria você, mas agora eu quero água.


Beijos, beijos, beijos entre vírgulas sorrio de alegria e aflição,


você lembra da minha letra, dispenso a assinatura